Filme sobre Nelson Mandela interpretado por Morgan Freeman.
Bem mais difícil que perdoar, na minha opinião, é esquecer. Você pode perdoar um falta cometida contra você – mas é improvável que consiga extirpá-la de sua lembrança.
São, acho eu, coisas muito diferentes. Não que seja um exercício fácil. O perdão, como proposto por exemplo na África do Sul por Mandela, significa riscar uma linha separando o presente o futuro das faltas passadas e determinar que não se voltará para trás dessa linha. Que aqueles erros não serão repetidos.
Tudo é difícil. cada pessoa tem suas nuances, seus pequenos gestos – mas eles não são simples atitudes físicas. São manifestações de quem essa pessoa é em seu interior.
Mandela não ouve as pessoas da maneira que nós ouvimos os outros, ele parece ir para outro lugar. Se você tenta prender o olhar dele, ele não cede – vai embora e se recolhe em algum ponto de si mesmo.
Ele é uma esfinge: um homem muito quieto, muito composto, difícil de ler.
Acho que ele tirou a disciplina para a política do admitir e perdoar depois de passar 27 anos encarcerado. Foram quase três décadas pensando sobre um pergunta: Por quê?
Ele é o tipo raro de homem que nessas circunstâncias, confinado a uma cela pequena e fria, se dedica a encontrar uma razão que configura algum sentido ao sofrimento – ao menos uma razão que pudesse satisfazer a ele.
Uma arena de esportes é um campo de batalha. Mas, quando a guerra termina, todos ainda estão em pé – talvez um pouco machucados, com algum sangue derramado, mas vivos e capazes de saudar a batalha como justa.
Não sou uma pessoa muito intelectual. Sou, ao contrário, intuitivo.
Ser uma figura de importância (um dos primeiros atores negros de sucesso) acarreta responsabilidades enormes – que talvez eu não deseje, ou para as quais não seja talhado.
A mediocridade não seria pior que o fracasso?
A questão é que ninguém diz aos medíocres que eles são medíocres. As pessoas, neste meio, só se dão ao trabalho de fazer algum comentário nos seus olhos se acham que você é o que há de melhor. Volto, assim, àquela posição de arrogância a partir da qual comentei o fato de Mandela ter escolhido a mim para interpretá-lo: a minha vida inteira, tive certeza de que interessava às pessoas me ver atuar. Sei que sou bom, porque desde o início ouvi isso das pessoas.